Passo o tempo a procurar pedaços de mim. O mundo desmorona-se à minha volta enquanto olho para o chão. Estou à procura do que perdi. Tenho o olhar de quem não acredita. Não encontro. Se fechar os olhos consigo vê-lo, mas está sempre demasiado longe.
E buscas o quê? Já olhaste para ti próprio? Pára de te iludir. Pára de sonhar. Aquilo que mais procuras não vais encontrar… nem hoje, nem amanhã nem nunca. Não está ao teu alcance.
Deito-me... fecho os olhos… e vejo o que procuro.
E por fim eis-me ali, pisando em terra firme
Na própria terra minha!
Quando o Ermitão depois abandonou o bote,
De pé mal se sustinha.
"Absolve-me, santo homem!" E o sinal da cruz
O Eremita me fez.
"Diz-me depressa," inquiriu ele, "diz, te peço:
Que espécie de homem és?"
Esta carcassa desde então foi torturada
Por atroz agonia;
E apenas quando eu relatava a minha história
Livre dela me via.
Sempre aquela agonia - e sempre em hora incerta -
Retorna desde então;
E enquanto a minha história tétrica não conto,
Queima-me o coração.
Samuel Taylor Coleridge, A balada do Velho Marinheiro, 1797
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