quarta-feira, março 09, 2005

como uma bala directa ao cérebro

Parece que sempre fez isto...
Tem a sensação de estar a fazer esta escalada a vida toda. Uma luta sem final à vista para chegar a um local que não tem a certeza se existe.
Tem as pontas dos dedos dormentes... os dedos esticam-se desesperadamente para encontrar um local onde se apoiar.
Esta peregrinação irá acabar algum dia?
Encontrará a paz quando chegar ao topo?
“Não penses nisso. Continua. Uma mão a seguir a outra.
Não olhes para baixo.
Não olhes para baixo.
Não penses em falhar.
Nem penses em olhar para baixo.”
...
Chega ao topo. Esfrega os olhos. Não acredita. O Reino Eterno apresenta-se-lhe mais belo do que alguma vez imaginou.
Quando se aproxima do portão, este abre-se lentamente, como se estivessem à espera que ele chegasse. À medida que o atravessa, o coração bate mais forte.
O Reino está deserto. Caminha por avenidas que parecem sair de sonhos. Os edifícios parecem ter uma arquitectura própria, onde não existiu intervenção humana. É como se tivessem sido esculpidos a partir de uma única peça, ou sonhados a partir de um único sonho.
Silêncio.
Um silêncio tão profundo que ele pensa que está surdo.
No centro da cidade, uma grande torre cresce acima de todas as outras. Uma torre feita certamente para um Rei.
Agora não há maneira de voltar para trás. Entra.
Depois de todo este tempo... depois do que ele lutou para chegar aqui...
Este é o momento!
Vai finalmente encontrar o Criador. Cara a cara, olhos nos olhos.
Há muitas questões que quer fazer. Muitas duvidas para tirar.
“Olá…” diz timidamente. “Está aqui alguém?”
“Lamento informar, houve uma mudança de gerência... Desapontado?” perguntou o diabo.
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